Título Original: A Clash of Kings
Autor: George R. R. Martin
Nº de páginas: 480
Editora: Saída de Emergência
Colecção: Bang!
«Quando um cometa vermelho surge nos céus de Westeros encontra os Sete Reinos em plena guerra civil. Os combates estendem-se pelas terras fluviais e os grandes exércitos dos Stark e dos Lannister preparam-se para o derradeiro embate. No seu domínio insular, Stannis, irmão do falecido Rei Robert, luta por construir um exército que suporte a sua reivindicação ao trono e alia-se a uma misteriosa religião vinda do oriente. Mas não é o único, pois o seu irmão mais novo também se proclama rei, suportado por uma hoste que reúne quase todas as forças do sul. Para pior as coisas, nas Ilhas de Ferro, os Greyjoy planeiam a vingança contra aqueles que os humilharam dez anos atrás.O Trono de Ferro é ocupado pelo caprichoso filho de Robert, Joffrey, mas quem de facto governa é a sua cruel e maquiavélica mãe. Com a afluência de refugiados e um fornecimento insuficiente de mantimentos, a cidade transformou-se num lugar perigoso, e a Corte aguarda com medo o momento em que os dois irmãos do falecido rei avancem contra ela. Mas quando finalmente o fazem, não é contra a cidade que investem...O que os Sete Reinos não sabem é que nada disto se compara ao derradeiro perigo que se avizinha: no distante Leste, os dragões crescem em poder, e não faltará muito para que cheguem com fogo e morte!»
Opinião
Após terminar Muralha do Gelo com um misto de
contentamento e surpresa, foi com enorme curiosidade que iniciei A Fúria dos Reis. Os acontecimentos do
volume anterior deixaram-me numa enorme ânsia quanto a conhecer o futuro desta
história, que se apresentou surpreendente, singular e intensa. Mesmo só
conhecendo o estilo de Martin através dos volumes iniciais, sabia que até o
impossível o autor tornaria possível. E, mais uma vez, Martin não decepcionou.
Embora seja evidente que o ritmo deste livro é bem mais pausado no que se refere à própria acção (sendo esse o único ponto menos bom presente na obra, que não diminui de forma alguma a sua qualidade), as escaramuças continuam a ser travadas nos Sete Reinos de uma forma quase que silenciosa e misteriosa. Este é, essencialmente, um livro em que as personagens apresentam as suas estratégias de guerra e as começam a por em prática, para que possam vencer ou apenas alcançar a paz num reino onde a corrupção é o mote central. Cada um vê-se cercado e inundado por inúmeras oportunidades, mas qual será a que conduz à desejada saída e aquela que guarda um fim tenebroso? Estar atento é fundamental, pois até o mais ínfimo pormenor que escapa pode ser fatal.
As intrigas tornam-se cada vez mais profundas ao haver mais personagens em destaque. O autor introduz-nos neste volume pontos de vista de novas personagens, tais como Davos, Stannis e Theon. A primeira, não muito importante, é apresentada imediatamente no início do livro, de modo a introduzir um novo cenário relacionado com Stannis. Já este concebe uma figura consistente que surge em vários pontos da narrativa, intercalando-se com as outras personagens. Rapidamente se evidencia que Stannis é mais um elemento cujo propósito é o mesmo de todos os outros: o poder. No entanto, a forma pela qual Stannis tenta alcançar a coroa é diferente de todos os outros, pois Stannis detém uma arma secreta, bastante ousada. Se será eficiente o seu plano, apenas os próximos livros o dirão. Mas o final deste livro transmite a ideia de que a sua escolha foi a correcta para a sua finalidade. Quanto a Theon, o autor serve-se da sua obstinação delineada por uma certa ingenuidade para apresentar formalmente outra das grandes Casas, a Casa Greyjoy.
A conquistar também mais destaque encontra-se Tyrion. Este anão tem vindo indubitavelmente a impressionar-me com a sua presença de espírito e mente brilhante, provando que as aparências escondem a essência do ser. No meu ponto de vista, Tyrion é, até agora, a personagem mais interessante em toda a obra de As Crónicas de Gelo e Fogo, quer pela sua impressionante perspicácia quer pela imprevisibilidade que nele é característica.
Ainda a assumir importante relevância encontram-se Arya e Sansa, as irmãs que, apesar de bastante jovens e particularmente diferentes, são forçadas a crescer perante toda a hostilidade que enfrentam. Ambas mostram inteligência e perseverança, não fossem elas pertencer a uma das mais nobres Casas dos Sete Reinos.
Por contraste, afiguram-se Jon, Catelyn e Daenerys que perdem a sua liderança, recuando para um plano secundário, se bem que Catelyn seja a personagem mais activa das três. Uma vez que Jon está ligado aos outros membros da família Stark, é possível conhecer-se os seus passos por outros pontos de vista, o que não acontece com Daenerys, raramente mencionada pelas outras personagens. Ela é aquela que anteriormente mais me cativou, e por isso esperava para a mesma um grande desenvolvimento por parte do autor. Tal não aconteceu neste livro, mas certamente acontecerá nos próximos.
Martin continua a manter-se fiel a uma escrita cuidada, pormenorizada e fortemente implacável. A cada ponto de vista, o autor apresenta um registo muito próprio que nos permite contactar com a camada mais interior de cada personagem. Assim, consegue-se facilmente conhecer cada uma delas e quais são as suas intenções e percepções mais intimistas, de uma forma que por vezes é calma e suave, enquanto que em certos momentos é tão crua e directa que chega a surpreender.
Ainda outro aspecto que merece destaque é a revelação de mais um pormenor do fantástico, mesmo no capítulo final. Embora esta obra tenha qualidades mais que suficientes para existir sem essa vertente da fantasia, é aí que reside a minha maior curiosidade. Aos poucos, percebe-se que será um factor deslumbrante e que fará desta história uma verdadeira obra-prima. Só espero que o título do próximo volume, O Despertar da Magia, reflicta o que de facto decorrerá no sublime universo de Westeros.
É, portanto, com grande entusiasmo que termino mais um excelente livro de George Martin. Uma narrativa que, embora pausada, faz transparecer o que reside no âmago de cada uma das suas personagens, dando-nos um vislumbre daquilo que poderemos presenciar quando o derradeiro combate irromper nos Sete Reinos.
Embora seja evidente que o ritmo deste livro é bem mais pausado no que se refere à própria acção (sendo esse o único ponto menos bom presente na obra, que não diminui de forma alguma a sua qualidade), as escaramuças continuam a ser travadas nos Sete Reinos de uma forma quase que silenciosa e misteriosa. Este é, essencialmente, um livro em que as personagens apresentam as suas estratégias de guerra e as começam a por em prática, para que possam vencer ou apenas alcançar a paz num reino onde a corrupção é o mote central. Cada um vê-se cercado e inundado por inúmeras oportunidades, mas qual será a que conduz à desejada saída e aquela que guarda um fim tenebroso? Estar atento é fundamental, pois até o mais ínfimo pormenor que escapa pode ser fatal.
As intrigas tornam-se cada vez mais profundas ao haver mais personagens em destaque. O autor introduz-nos neste volume pontos de vista de novas personagens, tais como Davos, Stannis e Theon. A primeira, não muito importante, é apresentada imediatamente no início do livro, de modo a introduzir um novo cenário relacionado com Stannis. Já este concebe uma figura consistente que surge em vários pontos da narrativa, intercalando-se com as outras personagens. Rapidamente se evidencia que Stannis é mais um elemento cujo propósito é o mesmo de todos os outros: o poder. No entanto, a forma pela qual Stannis tenta alcançar a coroa é diferente de todos os outros, pois Stannis detém uma arma secreta, bastante ousada. Se será eficiente o seu plano, apenas os próximos livros o dirão. Mas o final deste livro transmite a ideia de que a sua escolha foi a correcta para a sua finalidade. Quanto a Theon, o autor serve-se da sua obstinação delineada por uma certa ingenuidade para apresentar formalmente outra das grandes Casas, a Casa Greyjoy.
A conquistar também mais destaque encontra-se Tyrion. Este anão tem vindo indubitavelmente a impressionar-me com a sua presença de espírito e mente brilhante, provando que as aparências escondem a essência do ser. No meu ponto de vista, Tyrion é, até agora, a personagem mais interessante em toda a obra de As Crónicas de Gelo e Fogo, quer pela sua impressionante perspicácia quer pela imprevisibilidade que nele é característica.
Ainda a assumir importante relevância encontram-se Arya e Sansa, as irmãs que, apesar de bastante jovens e particularmente diferentes, são forçadas a crescer perante toda a hostilidade que enfrentam. Ambas mostram inteligência e perseverança, não fossem elas pertencer a uma das mais nobres Casas dos Sete Reinos.
Por contraste, afiguram-se Jon, Catelyn e Daenerys que perdem a sua liderança, recuando para um plano secundário, se bem que Catelyn seja a personagem mais activa das três. Uma vez que Jon está ligado aos outros membros da família Stark, é possível conhecer-se os seus passos por outros pontos de vista, o que não acontece com Daenerys, raramente mencionada pelas outras personagens. Ela é aquela que anteriormente mais me cativou, e por isso esperava para a mesma um grande desenvolvimento por parte do autor. Tal não aconteceu neste livro, mas certamente acontecerá nos próximos.
Martin continua a manter-se fiel a uma escrita cuidada, pormenorizada e fortemente implacável. A cada ponto de vista, o autor apresenta um registo muito próprio que nos permite contactar com a camada mais interior de cada personagem. Assim, consegue-se facilmente conhecer cada uma delas e quais são as suas intenções e percepções mais intimistas, de uma forma que por vezes é calma e suave, enquanto que em certos momentos é tão crua e directa que chega a surpreender.
Ainda outro aspecto que merece destaque é a revelação de mais um pormenor do fantástico, mesmo no capítulo final. Embora esta obra tenha qualidades mais que suficientes para existir sem essa vertente da fantasia, é aí que reside a minha maior curiosidade. Aos poucos, percebe-se que será um factor deslumbrante e que fará desta história uma verdadeira obra-prima. Só espero que o título do próximo volume, O Despertar da Magia, reflicta o que de facto decorrerá no sublime universo de Westeros.
É, portanto, com grande entusiasmo que termino mais um excelente livro de George Martin. Uma narrativa que, embora pausada, faz transparecer o que reside no âmago de cada uma das suas personagens, dando-nos um vislumbre daquilo que poderemos presenciar quando o derradeiro combate irromper nos Sete Reinos.
Olá!
ResponderEliminarComecei-o hoje e depois de ter lido a tua opinião fiquei ainda mais curiosa ^_^
Boas leituras
Olá Catarina :)
ResponderEliminarO livro é mesmo bom, e se já leste os dois anteriores tens uma noção do que podes esperar. A qualidade é fantástica e, mais uma vez, as personagens são o triunfo da obra. Só tive pena de ser um livro mais parado, mas ainda assim continua a ser fantástico pelas razões que já mencionei na opinião.
Obrigado e boas leituras!