Título original: The Da Vinci Code
Autor: Dan Brown
Nº de páginas: 544
Editora: Bertrand Editora
Colecção: Grandes Romances
Sinopse
«Robert Langdon, conceituado simbologista, está em Paris para fazer uma palestra quando recebe uma notícia inesperada: o velho curador do Louvre foi encontrado morto no museu, e um código indecifrável encontrado junto do cadáver. Na tentativa de decifrar o estranho código, Langdon e uma dotada criptologista francesa, Sophie Neveu, descobrem, estupefactos, uma série de pistas inscritas nas obras de Leonardo da Vinci, que o pintor engenhosamente disfarçou. Tudo se complica quando Langdon descobre uma surpreendente ligação: o falecido curador estava envolvido com o Priorado de Sião, uma sociedade secreta a que tinham pertencido Sir Isaac Newton, Botticelli, Victor Hugo e Da Vinci, entre outros.»
Opinião
Não é ao acaso que Dan Brown é um dos autores mundialmente mais afamados no presente século. Nomeadamente neste livro, que consta como um dos mais lidos de sempre, o autor baseia-se num assunto que tem tanto de deslumbrante quanto de controverso. Nesta ambiguidade, é difícil decidir qual o factor que faz de O Código Da Vinci um marco triunfante na literatura de hoje em dia. Evidente é que é essa ambiguidade que garante o sucesso de uma história que concilia o real com a especulação, numa aventura entre o passado e o presente, fulminante no seu decurso e bombástica no seu término.
O Código Da Vinci resulta de um conjunto de teorias e ideologias dentro de variados campos, sendo os principais a religião, a arte, a história e a ciência. É importante referir o que o autor deixa explícito logo no início: os factos são factos, ou seja, alusões a determinadas sociedades secretas, obras de arte, origens mitológicas e tantas outras referências não têm como objectivo enganar o leitor. São, portanto, factos que resultam de um extenso trabalho de pesquisa efectuado pelo autor. No entanto, não nos devemos esquecer que este livro se trata de um romance, tal como nos devemos recordar de tudo o que isso implica. Se as fontes de Brown são, na sua base, credíveis, o modo como o autor as gere e relaciona para produzir o romance deve ser considerado sob outra perspectiva. Ao envolver um tema tão delicado como a religião e contornando-o de uma forma completamente diferente àquela que é habitual, Brown arriscou-se a ser alvo de duras críticas pela comunidade mais conservadora, que vê neste romance um atentado às suas origens integras e puras. Mas mais uma vez, isto é um romance, não um compêndio de episódios da história da humanidade que os nossos antepassados nos transmitiram como herança. Acreditar ou não na teoria de Brown é algo que compete à liberdade do leitor. Afinal, estamos numa época liberal em que, supostamente, as ideias de cada um devem ser respeitadas, mesmo que se tratem de reflexões aparentemente inconcebíveis.
Transposto este conflito, concentremo-nos naquilo que é inegável: Dan Brown é um verdadeiro escritor que sabe como construir um enredo, como desenvolvê-lo, e mais importante, como nos envolver tão profundamente nele que mal conseguimos ter outros pensamentos em mente que não aqueles relacionados com a história que nos conta. Aliciante do início ao fim, repleto de enigmas que envolvem um improvável leque de personagens, O Código Da Vinci conduz-nos por uma intrigante e desenfreada tentativa de descobrir a verdade e onde ela se encontra. Embora seja esse o objectivo que as personagens têm em comum, entrelaçando-as mutuamente numa teia de acontecimentos, os motivos pelos quais o fazem são díspares. Nem sempre esses motivos são claros, e quando pensamos que são, revelam-se não o ser. Nalguns casos, só quase no final da obra se fica a conhecer o que move cada um, o porquê de estarem tão concentrados a possuir conhecimento da verdade. Esta constante mudança da certeza para a incerteza despoleta uma enorme curiosidade para continuar a leitura.
Esta é uma obra em que o ponto essencial é o enredo em si mesmo. A trama é imprevisível, cheia de reviravoltas surpreendentes. Ao longo das páginas, entre o culminar dos acontecimentos, somos confrontados com vastas informações sobre os assuntos já mencionados: religião, história, arte e ciência, essencialmente, que para além de adornarem de forma majestosa o livro, transmitem conhecimentos relacionados com essas mesmas vertentes. Não tenho dúvidas quanto à veracidade de determinadas afirmações, e só por adquirir essa aprendizagem já vale a pena ler o livro. Há, ainda assim, algumas perspectivas cujo carácter mais subjectivo pode suscitar algumas incertezas. No entanto, durante a leitura o autor faz-nos acreditar em tudo, seja real ou não, e isso é o que importa e que torna este romance profundamente aliciador.
As personagens que Brown criou não são particularmente excepcionais, nem mesmo o protagonista, Robert Langdon. Destacaria entre elas a inteligente e persistente Sophie que se revela mais que uma mera criptologista. No geral, são personagens simples, sem grande relevância emocional, que estão lá para que o autor nos possa transmitir os seus conhecimentos, os tais factos que nos irão guiar até às revelações finais. Além disso, é com as personagens que o autor evidencia as razões pelas quais cada entidade se iniciou nesta perseguição, patenteado por um lado uma crítica aos que pela posse do poder qualquer coisa são capazes de fazer, por outro a realidade daqueles que vivem numa ilusão que consideram uma verdade absoluta e inquestionável. É interessante ver o contraste de interesses das diferentes personagens como um conflito entre religião e história, que penso ser aquilo que o autor pretende com a inserção de figuras dos diferentes campos.
Quanto à escrita, é geralmente normal, razoavelmente cuidada. Mas neste género de livro, esse é um pormenor sem importância, pois o ritmo é tão rápido e cativante que o desejo do leitor é conhecer a história e não perder-se num mar de descrições ou perífrases desnecessárias.
Após conhecer as reflexões do autor, é altura para o leitor fazer as suas próprias reflexões. Qual é a fracção de verdade existente na trama, quanto dela é provavelmente falsa, sendo estas as questões que inevitavelmente acercam a nossa mente. Poucas obras conseguem fazer o que esta faz, que é por o leitor a pensar, a reflectir, a especular durante vários momentos após concluída a leitura.
Dado que trata vários assuntos que interessam qualquer indivíduo, O Código Da Vinci suscita a curiosidade tanto do mais céptico como a do mais convicto. É uma obra eficaz e surpreendente, que no fundo tem um propósito filosófico, deixando a pairar a plausível questão: Até que ponto consegue o homem distorcer a verdade e fazer das suas palavras uma notável e engenhosa mentira para ser detentor de um poder tão grandioso, mas ao mesmo tempo, tão condenável?
Não é ao acaso que Dan Brown é um dos autores mundialmente mais afamados no presente século. Nomeadamente neste livro, que consta como um dos mais lidos de sempre, o autor baseia-se num assunto que tem tanto de deslumbrante quanto de controverso. Nesta ambiguidade, é difícil decidir qual o factor que faz de O Código Da Vinci um marco triunfante na literatura de hoje em dia. Evidente é que é essa ambiguidade que garante o sucesso de uma história que concilia o real com a especulação, numa aventura entre o passado e o presente, fulminante no seu decurso e bombástica no seu término.
O Código Da Vinci resulta de um conjunto de teorias e ideologias dentro de variados campos, sendo os principais a religião, a arte, a história e a ciência. É importante referir o que o autor deixa explícito logo no início: os factos são factos, ou seja, alusões a determinadas sociedades secretas, obras de arte, origens mitológicas e tantas outras referências não têm como objectivo enganar o leitor. São, portanto, factos que resultam de um extenso trabalho de pesquisa efectuado pelo autor. No entanto, não nos devemos esquecer que este livro se trata de um romance, tal como nos devemos recordar de tudo o que isso implica. Se as fontes de Brown são, na sua base, credíveis, o modo como o autor as gere e relaciona para produzir o romance deve ser considerado sob outra perspectiva. Ao envolver um tema tão delicado como a religião e contornando-o de uma forma completamente diferente àquela que é habitual, Brown arriscou-se a ser alvo de duras críticas pela comunidade mais conservadora, que vê neste romance um atentado às suas origens integras e puras. Mas mais uma vez, isto é um romance, não um compêndio de episódios da história da humanidade que os nossos antepassados nos transmitiram como herança. Acreditar ou não na teoria de Brown é algo que compete à liberdade do leitor. Afinal, estamos numa época liberal em que, supostamente, as ideias de cada um devem ser respeitadas, mesmo que se tratem de reflexões aparentemente inconcebíveis.
Transposto este conflito, concentremo-nos naquilo que é inegável: Dan Brown é um verdadeiro escritor que sabe como construir um enredo, como desenvolvê-lo, e mais importante, como nos envolver tão profundamente nele que mal conseguimos ter outros pensamentos em mente que não aqueles relacionados com a história que nos conta. Aliciante do início ao fim, repleto de enigmas que envolvem um improvável leque de personagens, O Código Da Vinci conduz-nos por uma intrigante e desenfreada tentativa de descobrir a verdade e onde ela se encontra. Embora seja esse o objectivo que as personagens têm em comum, entrelaçando-as mutuamente numa teia de acontecimentos, os motivos pelos quais o fazem são díspares. Nem sempre esses motivos são claros, e quando pensamos que são, revelam-se não o ser. Nalguns casos, só quase no final da obra se fica a conhecer o que move cada um, o porquê de estarem tão concentrados a possuir conhecimento da verdade. Esta constante mudança da certeza para a incerteza despoleta uma enorme curiosidade para continuar a leitura.
Esta é uma obra em que o ponto essencial é o enredo em si mesmo. A trama é imprevisível, cheia de reviravoltas surpreendentes. Ao longo das páginas, entre o culminar dos acontecimentos, somos confrontados com vastas informações sobre os assuntos já mencionados: religião, história, arte e ciência, essencialmente, que para além de adornarem de forma majestosa o livro, transmitem conhecimentos relacionados com essas mesmas vertentes. Não tenho dúvidas quanto à veracidade de determinadas afirmações, e só por adquirir essa aprendizagem já vale a pena ler o livro. Há, ainda assim, algumas perspectivas cujo carácter mais subjectivo pode suscitar algumas incertezas. No entanto, durante a leitura o autor faz-nos acreditar em tudo, seja real ou não, e isso é o que importa e que torna este romance profundamente aliciador.
As personagens que Brown criou não são particularmente excepcionais, nem mesmo o protagonista, Robert Langdon. Destacaria entre elas a inteligente e persistente Sophie que se revela mais que uma mera criptologista. No geral, são personagens simples, sem grande relevância emocional, que estão lá para que o autor nos possa transmitir os seus conhecimentos, os tais factos que nos irão guiar até às revelações finais. Além disso, é com as personagens que o autor evidencia as razões pelas quais cada entidade se iniciou nesta perseguição, patenteado por um lado uma crítica aos que pela posse do poder qualquer coisa são capazes de fazer, por outro a realidade daqueles que vivem numa ilusão que consideram uma verdade absoluta e inquestionável. É interessante ver o contraste de interesses das diferentes personagens como um conflito entre religião e história, que penso ser aquilo que o autor pretende com a inserção de figuras dos diferentes campos.
Quanto à escrita, é geralmente normal, razoavelmente cuidada. Mas neste género de livro, esse é um pormenor sem importância, pois o ritmo é tão rápido e cativante que o desejo do leitor é conhecer a história e não perder-se num mar de descrições ou perífrases desnecessárias.
Após conhecer as reflexões do autor, é altura para o leitor fazer as suas próprias reflexões. Qual é a fracção de verdade existente na trama, quanto dela é provavelmente falsa, sendo estas as questões que inevitavelmente acercam a nossa mente. Poucas obras conseguem fazer o que esta faz, que é por o leitor a pensar, a reflectir, a especular durante vários momentos após concluída a leitura.
Dado que trata vários assuntos que interessam qualquer indivíduo, O Código Da Vinci suscita a curiosidade tanto do mais céptico como a do mais convicto. É uma obra eficaz e surpreendente, que no fundo tem um propósito filosófico, deixando a pairar a plausível questão: Até que ponto consegue o homem distorcer a verdade e fazer das suas palavras uma notável e engenhosa mentira para ser detentor de um poder tão grandioso, mas ao mesmo tempo, tão condenável?
O que mais gostei neste livro foi a escrita fluída de Brown, o seu ritmo rápido e intenso! No entanto, fiquei um pouco desiludida (secalhar porque ia com expectativas muito altas por causa do alarido todo na altura em que saiu)... Mas tenho que lhe reconhecer o mérito de criar um enredo complexo e com bom fundamento teórico.
ResponderEliminarDepois li o "Anjos e Demónios" e Dan Brown redimiu-se (para mim) xD Achei ainda mais intenso e viciante do que "O Código da Vinci"! Mas é só a minha opinião claro :P
Foi esse ritmo que me contagiou também, mas gostei mesmo daquelas informações que o autor ia revelando, e que no final me pareceram formar uma teoria bastante provável. Verdade ou não, cabe à imaginação porque creio que dificilmente alguém conseguirá saber a "verdadeira verdade" sobre aquilo que o livro fala. Dito isto, foi para miim uma leitura viciante :)
EliminarNa verdade, já ouvi muitas pessoas comentarem que gostaram mais de "Anjos e Demónios", por isso de certeza que o vou ler x)
Obrigado pela opinião!
Gostei bastante deste livro. Já o li há uns anos e ainda com a primeira capa que teve. "Devorei-o" em duas noites, não conseguia para de ler. Tirando a Conspiração, todos os outros livros do Dan Brown são fantásticos para mim. A Conspiração não porque ainda não o consegui acabar de ler... Já o retomei umas três vezes e ele não me "agarra". Óptima escolha de livro mas, na minha opinião, péssima adaptação para filme. Faltam muitas coisas do livro.
ResponderEliminarPreferido: Anjos e Demónios e o Símbolo Perdido. Até era melhor começar pelo Anjos e Demónios pois o Código é o segundo livro, a continuação do Anjos.
Olá Pituxa :)
EliminarEu também o li em apenas dois dias, é um completo vício! Eu li este primeiro porque já tinha visto o filme, que também tinha adorado, mas estava certo de que o livro era bem melhor e não me enganei. Há certos aspectos que não ficam claros no filme, para além de haver algumas alterações e falta de informação importante. Ainda assim, acho que captou a essência do livro.
Ainda não li mais nada do autor, mas com certeza que vou ler. O próximo vai ser "Anjos e Demónios". Não sabia que o mesmo antecedia "O Código Da Vinci", porque se soubesse era esse que lia primeiro. Depois desse, vai o resto da colecção x)
Obrigado e boas leituras!
Concordo com vários pontos da tua opinião. O ritmo do livro é o balança perfeito entre rápido e suficientemente lento para nos deixar à espera de respostas e ansiosos por continuar a leitura.
ResponderEliminarGostei dos personagens, apesar da simplicidade dos mesmo.
Com certeza enquanto lia este livro, apesar de Brown firmar que é um romance, passaram milhões de perguntas pela minha cabeça e dei por mim a acreditar verdadeiramente no que este livro nos conta. Talvez seja por isso mesmo que achei o livro tão completo e bem escrito. Agora tenho que ler mais deste autor, com certeza :)
Olá :)
EliminarO ritmo é alucinante, mesmo naqueles momentos em que o autor descreve certos pormenores porque queremos tanto saber o que se esconde por trás de todo aquele misticismo que não conseguimos parar de ler.
Eu também gostei das personagens. São cativantes, sem dúvida, mas não são o foco principal do livro. Como referi na opinião, estão lá para que se possa assistir ao desenvolvimento da história, e acho que concordas comigo.
Quanto à credibilidade do livro, eu acreditei em tudo enquanto lia, em tudo mesmo, até que depois de terminar tive que fazer algumas pesquisas para confirmar o que era ou não verdade :P Segundo o autor, a maioria das informações são verdade, e não duvido do seu trabalho de pesquisa. No entanto, é claro que há sempre escaramuças entre os crentes e não crentes, mas se nos formos questionar quem é que, lá no fundo, sabe a verdade quando na história houve tanta mentira?
De certeza que vou ler mais livros de Dan Brown, o autor conquistou-me completamente!
Obrigado :)