O Símbolo Perdido


Título original: The Lost Symbol
Autor: Dan Brown
Nº de páginas: 571
Editora: Bertrand Editora
Colecção: Grandes Romances


Sinopse
«Washington, D. C.: Robert Langdon, simbologista de Harvard, é convidado à última hora para dar uma palestra no Capitólio. Contudo, pouco depois da sua chegada, é descoberto no centro Rotunda um estranho objecto com cinco símbolos bizarros. Robert Langdon reconhece-os: trata-se de um convite ancestral para um mundo perdido de saberes esotéricos e ocultos. 
Quando Peter Solomon, eminente maçom e filantropo, é brutalmente raptado, Langdon compreende que só poderá salvar o seu mentor se aceitar o misterioso apelo. 
Langdon vê-se rapidamente arrastado para aquilo que se encontra por detrás das fachadas da cidade mais poderosa da América: câmaras ocultas, templos e túneis. Tudo o que lhe era familiar se transforma num mundo sombrio e clandestino, habilmente escondido, onde segredos e revelações da Maçonaria o conduzem a uma única verdade, impossível e inconcebível. 
Trama de história veladas, símbolos secretos e códigos enigmáticos, tecida com brilhantismo, O Símbolo Perdido é um thriller surpreendente e arrebatador que nos surpreende a cada página. 
O segredo mais extraordinário e chocante é aquele que se esconde diante dos nossos olhos…»

Opinião
O emblemático simbologista e professor Robert Langdon vê-se mais uma vez confrontado com uma situação repleta de enigmas e mistérios, que remontam a períodos há muito passados mas que continuam a influenciar o mundo actual, mesmo que de uma forma discreta, que passa despercebida a muitos de nós. Em O Símbolo Perdido, o ênfase recai sobre as crenças de uma sociedade que todos reconhecemos, mas que ao ler este livro nos apercebemos que não conhecemos verdadeiramente: a maçonaria. Com esta premissa, Dan Brown empreende uma história que combina conhecimento e ficção e, como não poderia deixar de ser, instigando o leitor a uma ampla reflexão e especulação.

Um súbito e aparentemente inocente convite desencadeia os acontecimentos de uma noite que se torna alucinante para Langdon. Este tem em mãos uma tarefa complexa e difícil: desvendar segredos há muito ocultos e, ao mesmo tempo, tentar salvar a vida de alguém que lhe é próximo. Para a sua missão ser bem sucedida, Langdon depende da sua capacidade intelectual e da sua constante perspicácia. Mas não seria, de todo, possível desvendar os enigmas ocultos sem a presença de uma figura feminina que adorna toda a história e ainda traz consigo conhecimentos brilhantes para o caso em questão. Katherine Solomon é uma cientista revigorante que explora novos campos dentro da ciência e que, com a sua determinação e fascínio pela sabedoria, se alia a Robert para salvar Peter Solomon, o seu irmão.

Robert Langdon é claramente a voz de Brown a transmitir os seus conhecimentos. Ainda assim, em O Símbolo Perdido, o autor incute nesta personagem uma dimensão mais emocional e humana do que, por exemplo, em O Código Da Vinci. As duas obras são completamente diferentes em termos de conteúdo, mas enquanto que na anterior a trama é o ponto essencial e o fascínio da obra, neste O Símbolo Perdido as personagens ganham maior destaque, mais emoção. Há espaço para as personagens pensarem e reflectirem a nível pessoal, o que é factor bastante positivo, tendo em conta os assuntos abordados no livro.
A outra personagem de destaque é Mal'akh, que nos introduz nos campos obscuros do esoterismo e na ânsia de um poder supremo que deve ser obtido a todo o custo. Mal'akh é obsessivo, poderoso e em certos excertos alguém que arrepia o leitor com a sua excentricidade e absoluta convicção. É, portanto, um perfeito vilão que, na verdade, acaba por ser a maior surpresa de toda a história. Este é mais um ponto a favor da importância das personagens neste livro.

Não obstante, a trama não perde a sua importância como motor evolutivo da história. Apesar de estar relutante quanto ao tema, já que a imagem que tinha da maçonaria era aquela que muitos também têm (a de uma sociedade de interesses políticos e de engenhos traiçoeiros), Brown convenceu-me do contrário. É intuito desta sociedade afastar-nos desses problemas e inculcar uma mentalidade receptiva, alargada ao exterior, mas essencialmente ao interior de nós. O autor consegue passar essa mensagem de uma forma hábil e assertiva, salpicando as suas páginas com pormenores de grande interesse histórico e factual, entretendo o leitor com pistas, enigmas e questões com os quais se interage, aguçando o interesse e o desejo de chegar ao último capítulo.

É, contudo, ao terminar que se fica com uma sensação de insatisfação, de que houve algo que não foi revelado e que faltava para adicionar aquela magia especial que completa a obra. Talvez por habituar o leitor a revelações bombásticas e inesperadas no decorrer do livro eu não tenha ficado maravilhado com um final que se apresenta bastante simples quanto a esse aspecto. Poderá ser nessa simplicidade e na mensagem que a mesma passa que reside o deslumbramento de O Símbolo Perdido. Como Brown nos ensina nesta história, é nas coisas mais simples que se encontram as respostas que se procuram, e quase sempre nos passa despercebida a essência de uma palavra ou de uma imagem até ao momento em que nelas encontramos a simplicidade, a sua verdade, que é tão clara mas que nós tanto obscurecemos.

Dan Brown constrói com O Símbolo Perdido um sucesso garantido que equilibra o foro emocional das suas personagens com a trama absolutamente fascinante, repleta de revelações surpreendentes. Fica exposta a verdade que é a nossa própria realidade, tão remota quanto a própria história mas tão desvirtuada pelo próprio homem que, na sua maioria, foi incapaz de a preservar ao longo dos séculos. Afinal, a verdade pode ser simples, mas apenas os que a compreendem são dela dignos. 

A verdade tem poder. E se todos gravitamos em torno de ideias semelhantes, talvez o façamos por essas ideias serem verdadeiras... e estarem profundamente inculcadas em nós. E quando ouvimos a verdade, mesmo que não a compreendamos, sentimo-la ecoar dentro de nós... vibrando com uma sabedoria inconsciente. Talvez a verdade não seja aprendida re-cuperada... re-lembrada... re-conhecida... como aquilo que já existe em nós.

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