Título Original: The Lord of The Rings – The Return of The King
Autor: J. R. R. Tolkien
Nº de páginas: 452
Editora: Publicações Europa-América
Colecção: Obras de J. R. R. Tolkien
Autor: J. R. R. Tolkien
Nº de páginas: 452
Editora: Publicações Europa-América
Colecção: Obras de J. R. R. Tolkien
Sinopse
«Eis que chegámos à terceira parte de O Senhor dos Anéis.
«Eis que chegámos à terceira parte de O Senhor dos Anéis.
Esta terceira parte, O Regresso do Rei, trata das estratégias opostas de Gandalf e Sauron, até ao fim da grande escuridão, que concluirá esta fantástica viagem pelo estranho mundo criado pela vivíssima imaginação de Tolkien.
Uma epopeia fabulosa que é acima de tudo uma história de Amor e Amizade, de magia e realidade, de guerra e paz, de coragem e entreajuda, de diferença e igualdade, de ambição e poder…Já lido por 100 milhões de leitores em mais de 25 línguas diferentes.»
Opinião
Opinião
Assente num limiar entre a guerra e a paz, o bem e o mal, o amor e o ódio, este último tomo de O Senhor dos Anéis conclui uma saga épica de aventuras e desventuras protagonizada por uma panóplia de improváveis criaturas, num universo inteiramente prosperado na mente de Tolkien e transposto para aquela que é uma notável obra do fantástico. Na tamanha incerteza que figura no início deste livro, consequência de todos os acontecimentos e surpresas decorridos anteriormente, seria de esperar o tudo e o nada, na medida que qualquer hipótese seria válida, mas não expectável. Assim, empreende-se a fase final desta jornada com mais vontade e prazer por parte do leitor, no sentido de partir à descoberta do culminar desta história e das suas irreverentes personagens.
Como tal, foi com um certo espanto que a acção se desenrolou rapidamente, sem os entraves que à partida tomam conta de um epílogo onde tanto há por resolver. Este facto deve-se a algo tão simples como a leviandade com que Tolkien conta as suas histórias. É evidente que isto tem algo de peculiar, mas também de genial, porque ao fazer passar a história pelos nossos olhos como um conto que se conta a uma criança à lareira há um deslumbramento que fica, uma inércia que impele ininterruptamente a mente de quem lê na direcção de desvendar a dúvida, aquilo que ainda não foi contado. Isto, na minha opinião, é pura magia literária, o que distingue um bom de um mau escritor. Tolkien, ao deter este poder, consegue uma dupla vitória - a narração e o seu conteúdo.
Desta feita, o livro tem o benefício de ser suportado por fortes personagens e um contexto embelezado a um detalhe espantosamente minucioso - não fosse esta das obras mais originais da literatura fantástica, no sentido mais literal da palavra - que favoravelmente atraem qualquer leitor que se preze. Tal como nos volumes anteriores, há um extremo cuidado em descrever a composição do mundo que serve de cenário à acção, que por certas vezes se torna excessivo e contribui para um atenuar do ritmo de leitura. Ainda assim, apresentam-se novos locais nesta viagem pela Terra Média. Para além de um Shire desolado e pacífico, encontra-se a grandiosidade das terras dos reis, elfos, grandes senhores, cavaleiros e donzelas, feiticeiros, senhores das trevas e criaturas distorcidas pela malícia. Perante o desconhecido e o dever de cumprir uma missão crucial, os hobbits continuam a tentar alcançar a todo o custo o final da sua demanda pela destruição do mal, o que só será possível se o bem conseguir os aliados certos.
Os dois companheiros, Frodo e Sam, estão mais unidos que nunca e é fundamental que assim o seja. Como se torna evidente, esta história é o exemplo perfeito de que a união faz a força, uma força que deve ambicionar ser tão majestosa quanto possível. Aqui, Frodo sucumbe ao encamento pérfido do Anel, à sombra que dele emana e se infiltra no seu ser como um parasita, deturpando-lhe o pensamento e a capacidade de agir por si próprio. A sua fraqueza é uma susceptibilidade não prevista no plano inicial e que pode arruiná-lo, mas algo que é, no fim de contas, inevitável. A verdade é que o mal consegue fazer mais por destruir o bem que o bem faz para destruir o mal. O sofrimento e a perda são impossíveis de evitar. Pois sem sacrifício não há vitória. Neste caso, faz todo o sentido arriscar. Sam é, a meu ver, cada vez mais querido ao leitor. Particularmente em O Regresso do Rei, oferece diversas surpresas com as suas decisões, sempre munidas de um pensamento consciente, mas ético, uma combinação muito especial e nem sempre presente na mente humana, principalmente nos momentos mais negros quando se revela o verdadeiro carácter do ser. E existe um carácter maravilhoso em Sam. Além disso, carrega consigo um humor muito próprio, já habitual nos livros anteriores, que nos faz adorá-lo ainda mais. Quanto aos restantes intervenientes, volta-se a ter um vislumbre de Sméagol, breve porém decisivo, Merry e Pippin juntam-se de novo à demanda e trazem bons momentos "à moda hobbitiana", mas é Aragorn o centro de todas as atenções. Este evoca um passado imemorial para muitos, mas tão presente no pensamento de outros que não é possível ignorar o que ele representa nesta batalha. Há, aqui, muito misticismo, o qual eu gostaria de ter visto mais aprofundado. Porém, sendo esta a Guerra do Anel, tais acontecimentos são deixados de parte para outras narrações.
É de notar que esta edição do livro apresenta algum desse conteúdo com diversos apêndices, repletos de diversos pormenores desta longa estória, abrangendo a Primeira, Segunda e Terceira Eras da Terra Média. O trabalho desenvolvido nestes factos deveras interessantes apenas comprova, mais uma vez, a singularidade de Tolkien, um escritor como o nosso mundo viu poucos, esse homem que dedicou uma vida à obra, à arte de imaginar sem limites e de ser capaz de transcrever para o papel essa imaginação de forma impecável.
Um aspecto interessante em O Regresso do Rei é o facto de não existir um narrador omnipresente que reúne, ao mesmo tempo, tudo o que decorre num determinado momento, algo mais presente nos volumes anteriores. De facto, tal proeza seria admirável, mas num momento em que as personagens foram agrupadas e seguiram diferentes caminhos seria esta a abordagem a esperar. Ainda assim, a divisão que é feita a certo ponto, centrando a acção em diferentes personagens, não obstante tendo duas linhas de acção que estão interligadas, é agradável para quem lê de modo a não ser perdido o fio condutor, mantendo assim a coerência que é essencial. Foi uma decisão inteligente por parte do escritor, permitindo que tudo faça mais sentido no final.
É, pois, o final a maior surpresa deste livro. Para além do término que já se esperava para O Senhor dos Anéis, acontece algo de muito interessante e invulgar relacionado com a terra querida dos hobbits. A aventura termina onde começou, e que viagem foi percorrida entretanto!
Assim, O Regresso do Rei culmina em grandeza e beleza a história de O Senhor dos Anéis, uma história dentro de uma história muito mais complexa e extensa que estes três volumes. Para os iniciantes, esta é uma excelente oportunidade de entrar no mundo especial de Tolkien. Para quem já conhece tudo o resto, é mais um olhar sobre a Terra Média e o que ela tem para contar. Entre mil e uma lições, fica a de que a vida é um processo cíclico, necessário, de transformação, de viagem, de procura e de descoberta de novos sentidos e novas emoções que se repercutem naquilo que somos e no que nos viremos a tornar.
Um marco do fantástico que recomendo sem reservas.
Como tal, foi com um certo espanto que a acção se desenrolou rapidamente, sem os entraves que à partida tomam conta de um epílogo onde tanto há por resolver. Este facto deve-se a algo tão simples como a leviandade com que Tolkien conta as suas histórias. É evidente que isto tem algo de peculiar, mas também de genial, porque ao fazer passar a história pelos nossos olhos como um conto que se conta a uma criança à lareira há um deslumbramento que fica, uma inércia que impele ininterruptamente a mente de quem lê na direcção de desvendar a dúvida, aquilo que ainda não foi contado. Isto, na minha opinião, é pura magia literária, o que distingue um bom de um mau escritor. Tolkien, ao deter este poder, consegue uma dupla vitória - a narração e o seu conteúdo.
Desta feita, o livro tem o benefício de ser suportado por fortes personagens e um contexto embelezado a um detalhe espantosamente minucioso - não fosse esta das obras mais originais da literatura fantástica, no sentido mais literal da palavra - que favoravelmente atraem qualquer leitor que se preze. Tal como nos volumes anteriores, há um extremo cuidado em descrever a composição do mundo que serve de cenário à acção, que por certas vezes se torna excessivo e contribui para um atenuar do ritmo de leitura. Ainda assim, apresentam-se novos locais nesta viagem pela Terra Média. Para além de um Shire desolado e pacífico, encontra-se a grandiosidade das terras dos reis, elfos, grandes senhores, cavaleiros e donzelas, feiticeiros, senhores das trevas e criaturas distorcidas pela malícia. Perante o desconhecido e o dever de cumprir uma missão crucial, os hobbits continuam a tentar alcançar a todo o custo o final da sua demanda pela destruição do mal, o que só será possível se o bem conseguir os aliados certos.
Os dois companheiros, Frodo e Sam, estão mais unidos que nunca e é fundamental que assim o seja. Como se torna evidente, esta história é o exemplo perfeito de que a união faz a força, uma força que deve ambicionar ser tão majestosa quanto possível. Aqui, Frodo sucumbe ao encamento pérfido do Anel, à sombra que dele emana e se infiltra no seu ser como um parasita, deturpando-lhe o pensamento e a capacidade de agir por si próprio. A sua fraqueza é uma susceptibilidade não prevista no plano inicial e que pode arruiná-lo, mas algo que é, no fim de contas, inevitável. A verdade é que o mal consegue fazer mais por destruir o bem que o bem faz para destruir o mal. O sofrimento e a perda são impossíveis de evitar. Pois sem sacrifício não há vitória. Neste caso, faz todo o sentido arriscar. Sam é, a meu ver, cada vez mais querido ao leitor. Particularmente em O Regresso do Rei, oferece diversas surpresas com as suas decisões, sempre munidas de um pensamento consciente, mas ético, uma combinação muito especial e nem sempre presente na mente humana, principalmente nos momentos mais negros quando se revela o verdadeiro carácter do ser. E existe um carácter maravilhoso em Sam. Além disso, carrega consigo um humor muito próprio, já habitual nos livros anteriores, que nos faz adorá-lo ainda mais. Quanto aos restantes intervenientes, volta-se a ter um vislumbre de Sméagol, breve porém decisivo, Merry e Pippin juntam-se de novo à demanda e trazem bons momentos "à moda hobbitiana", mas é Aragorn o centro de todas as atenções. Este evoca um passado imemorial para muitos, mas tão presente no pensamento de outros que não é possível ignorar o que ele representa nesta batalha. Há, aqui, muito misticismo, o qual eu gostaria de ter visto mais aprofundado. Porém, sendo esta a Guerra do Anel, tais acontecimentos são deixados de parte para outras narrações.
É de notar que esta edição do livro apresenta algum desse conteúdo com diversos apêndices, repletos de diversos pormenores desta longa estória, abrangendo a Primeira, Segunda e Terceira Eras da Terra Média. O trabalho desenvolvido nestes factos deveras interessantes apenas comprova, mais uma vez, a singularidade de Tolkien, um escritor como o nosso mundo viu poucos, esse homem que dedicou uma vida à obra, à arte de imaginar sem limites e de ser capaz de transcrever para o papel essa imaginação de forma impecável.
Um aspecto interessante em O Regresso do Rei é o facto de não existir um narrador omnipresente que reúne, ao mesmo tempo, tudo o que decorre num determinado momento, algo mais presente nos volumes anteriores. De facto, tal proeza seria admirável, mas num momento em que as personagens foram agrupadas e seguiram diferentes caminhos seria esta a abordagem a esperar. Ainda assim, a divisão que é feita a certo ponto, centrando a acção em diferentes personagens, não obstante tendo duas linhas de acção que estão interligadas, é agradável para quem lê de modo a não ser perdido o fio condutor, mantendo assim a coerência que é essencial. Foi uma decisão inteligente por parte do escritor, permitindo que tudo faça mais sentido no final.
É, pois, o final a maior surpresa deste livro. Para além do término que já se esperava para O Senhor dos Anéis, acontece algo de muito interessante e invulgar relacionado com a terra querida dos hobbits. A aventura termina onde começou, e que viagem foi percorrida entretanto!
Assim, O Regresso do Rei culmina em grandeza e beleza a história de O Senhor dos Anéis, uma história dentro de uma história muito mais complexa e extensa que estes três volumes. Para os iniciantes, esta é uma excelente oportunidade de entrar no mundo especial de Tolkien. Para quem já conhece tudo o resto, é mais um olhar sobre a Terra Média e o que ela tem para contar. Entre mil e uma lições, fica a de que a vida é um processo cíclico, necessário, de transformação, de viagem, de procura e de descoberta de novos sentidos e novas emoções que se repercutem naquilo que somos e no que nos viremos a tornar.
Um marco do fantástico que recomendo sem reservas.
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