Título original: The Girl on the Train
Autora: Paula Hawkins
Nº de páginas: 320
Editora: 20|20 editora
Chancela: Topseller
Sinopse
«Todos os dias, Rachel apanha o comboio...
No caminho para o trabalho, ela observa sempre as mesmas casas durante a sua viagem. Numa das casas ela observa sempre o mesmo casal, ao qual ela atribui nomes e vidas imaginárias. Aos olhos de Rachel, o casal tem uma vida perfeita, quase igual à que ela perdeu recentemente.
Até que um dia...
Rachel assiste a algo errado com o casal... É uma imagem rápida, mas suficiente para a deixar perturbada. Não querendo guardar segredo do que viu, Rachel fala com a polícia. A partir daqui, ela torna-se parte integrante de uma sucessão vertiginosa de acontecimentos, afetando as vidas de todos os envolvidos.
De leitura compulsiva, este é o thriller do momento, absorvente, perturbador e arrepiante.»
No caminho para o trabalho, ela observa sempre as mesmas casas durante a sua viagem. Numa das casas ela observa sempre o mesmo casal, ao qual ela atribui nomes e vidas imaginárias. Aos olhos de Rachel, o casal tem uma vida perfeita, quase igual à que ela perdeu recentemente.
Até que um dia...
Rachel assiste a algo errado com o casal... É uma imagem rápida, mas suficiente para a deixar perturbada. Não querendo guardar segredo do que viu, Rachel fala com a polícia. A partir daqui, ela torna-se parte integrante de uma sucessão vertiginosa de acontecimentos, afetando as vidas de todos os envolvidos.
De leitura compulsiva, este é o thriller do momento, absorvente, perturbador e arrepiante.»
Opinião
A incoerência é a mais estranha forma de perplexidade. Pode suscitar questões, dúvidas e, em último caso, medidas desesperadas. Decerto tais procedimentos já ocorreram a uma multiplicidade de indivíduos, por múltiplas razões. Contudo, serão raros aqueles que o fazem sem algum motivo concreto, tendo apenas uma intuição, um mero vislumbre que aquela perturbação descabida, completamente alheia, poderá desencadear algo realmente esmagador.
Tenha sido o acaso ou o destino, Rachel sentiu essa intuição, naquela manhã a bordo do comboio que a transportava para mais um fastidioso dia. Esse momento foi o motor da mudança. A sua vida tomou um significado, um papel a desempenhar na complexidade de eventos que se sucedem.
A Rapariga no Comboio apreende esse preciso momento, pelos olhos de Rachel, uma mulher insípida, ausente, um fracasso da humanidade estagnado no tempo e no espaço. Esta personagem reserva em si um passado de névoa e sombra, gravado a ferros na memória e do qual não se consegue libertar. Porém, é essa a chave que necessita para desvendar o que a atormente desde aquela manhã no comboio. Revisitar o passado, contudo, revela-se uma tarefa tão obscura quanto a própria imagem que lhe corresponde.
Narrado sob a perspectiva de Rachel e de outras duas figuras femininas, Megan e Anna, A Rapariga no Comboio assume, assim, três perspectivas do mesmo acontecimento. Vidas que, aparentemente, nada tinham em comum, aglutinam-se e fundem-se numa mesma rotina, num quotidiano que gira em torno da mesma questão: quem foi o culpado? Infelizmente, é neste aspecto que esta obra mais peca. A resposta torna-se demasiado previsível, pelo que o efeito surpresa característico do policial se perde. Contudo, não deixa de ser um bom livro. Há outros aspectos, para além dos próprios acontecimentos e das reviravoltas consideradas, que tornam a leitura compulsiva.
O principal elemento que o permite prende-se com o facto de este ser, acima de tudo, um livro humano. A complexidade de emoções, pensamentos e suposições aqui tratadas expande-se para além do universo da consciência e embrenha-se nos recônditos mais profundos da mente humana. Medo. Pavor. Amor. Ódio. Rejeição. Controlo. A gestão de todas estas vertentes torna-se de tal maneira explosiva que leva Rachel à plena destruição emocional. A confusão que é a mente de Rachel é um termo de comparação para muitos leitores, que muitos pontos semelhantes encontrarão com esta mulher que, entre o vício, a paixão e o desprezo, se resigna a ocupar um lugar, entre muitos, todos os dias no comboio.
Porém, é com o culminar do livro que se evidencia haver mais que isso. A densidade do cenário apresentado remete, na verdade, para o expoente da manipulação sensorial e emocional, numa jogada atroz contra a veracidade e o bom senso. É com pesar que se preenche o coração do leitor, pois, afinal, onde está realmente o limite entre a ficção e a realidade? Estaremos assim tão certos que os nossos sentidos são fiéis ao que se passa à nossa volta?
O modo como Hawkins delineia a narrativa torna-a óptima para o género em questão. Uma escrita fluída, apelativa e, embora simples, com frases cheias, permite concluir a leitura num ímpeto. Mais uma vez, é bastante positiva a divisão de narradores em três personagens que, ao mesmo tempo, oferecem diferentes perspectivas da história, transformando-a, dinamizando-a em algo mais interessante, sem introduzir demasiado conteúdo.
Em conclusão, A Rapariga no Comboio não se glorifica pelo título de policial, mas antes por constituir um testemunho forte e sagaz de relações humanas e da influência que os outros podem exercer em nós próprios, aos mais variados níveis. Foi uma boa estreia para Hawkins - o sucesso internacional fala por si - que, na simplicidade e monotonia de uma viagem de comboio, reuniu um conjunto de passageiros dispostos a assistir ao bom e ao mau que há na vida.
A Rapariga no Comboio apreende esse preciso momento, pelos olhos de Rachel, uma mulher insípida, ausente, um fracasso da humanidade estagnado no tempo e no espaço. Esta personagem reserva em si um passado de névoa e sombra, gravado a ferros na memória e do qual não se consegue libertar. Porém, é essa a chave que necessita para desvendar o que a atormente desde aquela manhã no comboio. Revisitar o passado, contudo, revela-se uma tarefa tão obscura quanto a própria imagem que lhe corresponde.
Narrado sob a perspectiva de Rachel e de outras duas figuras femininas, Megan e Anna, A Rapariga no Comboio assume, assim, três perspectivas do mesmo acontecimento. Vidas que, aparentemente, nada tinham em comum, aglutinam-se e fundem-se numa mesma rotina, num quotidiano que gira em torno da mesma questão: quem foi o culpado? Infelizmente, é neste aspecto que esta obra mais peca. A resposta torna-se demasiado previsível, pelo que o efeito surpresa característico do policial se perde. Contudo, não deixa de ser um bom livro. Há outros aspectos, para além dos próprios acontecimentos e das reviravoltas consideradas, que tornam a leitura compulsiva.
O principal elemento que o permite prende-se com o facto de este ser, acima de tudo, um livro humano. A complexidade de emoções, pensamentos e suposições aqui tratadas expande-se para além do universo da consciência e embrenha-se nos recônditos mais profundos da mente humana. Medo. Pavor. Amor. Ódio. Rejeição. Controlo. A gestão de todas estas vertentes torna-se de tal maneira explosiva que leva Rachel à plena destruição emocional. A confusão que é a mente de Rachel é um termo de comparação para muitos leitores, que muitos pontos semelhantes encontrarão com esta mulher que, entre o vício, a paixão e o desprezo, se resigna a ocupar um lugar, entre muitos, todos os dias no comboio.
Porém, é com o culminar do livro que se evidencia haver mais que isso. A densidade do cenário apresentado remete, na verdade, para o expoente da manipulação sensorial e emocional, numa jogada atroz contra a veracidade e o bom senso. É com pesar que se preenche o coração do leitor, pois, afinal, onde está realmente o limite entre a ficção e a realidade? Estaremos assim tão certos que os nossos sentidos são fiéis ao que se passa à nossa volta?
O modo como Hawkins delineia a narrativa torna-a óptima para o género em questão. Uma escrita fluída, apelativa e, embora simples, com frases cheias, permite concluir a leitura num ímpeto. Mais uma vez, é bastante positiva a divisão de narradores em três personagens que, ao mesmo tempo, oferecem diferentes perspectivas da história, transformando-a, dinamizando-a em algo mais interessante, sem introduzir demasiado conteúdo.
Em conclusão, A Rapariga no Comboio não se glorifica pelo título de policial, mas antes por constituir um testemunho forte e sagaz de relações humanas e da influência que os outros podem exercer em nós próprios, aos mais variados níveis. Foi uma boa estreia para Hawkins - o sucesso internacional fala por si - que, na simplicidade e monotonia de uma viagem de comboio, reuniu um conjunto de passageiros dispostos a assistir ao bom e ao mau que há na vida.
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