Título original: Notes on a Nervous Planet
Autor: Matt Haig
Nº de páginas: 376
Editora: Porto Editora
Sinopse
«E se o modo como vivemos estivesse programado para nos deixar infelizes? Toda a sociedade de consumo assenta na ideia de nos criar o desejo de ter o último modelo, em vez de nos contentarmos com o que temos; somos encorajados a sairmos de nós e a querermos outras vidas: uma receita quase infalível para a infelicidade.
Os índices de stresse e ansiedade estão a subir. Estamos cada vez mais ligados uns aos outros e, no entanto, cada vez mais isolados.
Os índices de stresse e ansiedade estão a subir. Estamos cada vez mais ligados uns aos outros e, no entanto, cada vez mais isolados.
•Como manter o equilíbrio num planeta que nos enlouquece?
•Como preservar a humanidade numa era tão obsessivamente tecnológica?
•Como ser feliz quando somos incentivados a cultivar a ansiedade?
O mundo à beira de um ataque de nervos oferece uma visão pessoal e importante que procura compreender de que forma nos podemos sentir felizes, humanos e íntegros em pleno século XXI.»
Opinião
Certamente que qualquer um de nós já realizou uma tentativa de análise aos prós e contras da inovação tecnológica que actualmente está disponível para uso da humanidade. A maior parte de nós terá chegado à conclusão que os benefícios ultrapassam em grande amplitude as desvantagens e que a vida se encontra mais facilitada à custa de uma infinidade de dispositivos brilhantes. Porém, é evidente que as desvantagens existem. O problema é que ocasionalmente a sua existência ou é ignorada ou é subvalorizada, o que constitui o início do problema inerente à tecnologia. Importa, por isso, apostar numa reflexão profunda sobre este tema, fonte de muitas das perturbações mentais que se instalaram na sociedade moderna. Matt Haig mune-se da sua experiência pessoal com as doenças mentais para interligar a agridoce tecnologia e os seus efeitos no nosso estado existencial global. O mundo à beira de um ataque de nervos é um guia preenchido de conselhos e dicas úteis elaboradas por quem sentiu o lado negro da constante pressão de viver online, renegando a própria essência de ser humano.
De facto, num mundo sobrepopulado e sobrecarregado com coisas absolutamente desnecessárias é muito fácil sentir um peso avassalador a imiscuir-se pela nossa mente, o que é particularmente gravoso em alguém que sofra ou tenha tendência para sofrer de doenças mentais. Num dos extremos tem início a ansiedade e o stress, o outro extremo termina em ataques de pânico, depressão profunda ou mesmo suicídio. A linha que separa estas patologias é muito ténue, tendo em conta que todas se encaixam num fenótipo muito característico que varia em espectro. Além disso, é fundamental perceber que quando surge uma perturbação mental esta depressa evolui no mau sentido, fomentando uma espécie de bola de neve que sem controlo dificilmente é travada. Portanto, como o autor reitera várias vezes ao longo do livro, ter a consciência que o problema existe é a chave para o compreender e resolver, o que infelizmente é mais fácil dizer do que acontecer.
Este livro é muito focado no papel das tecnologias na exacerbação das crises psicológicas e em como isso afecta o dia-a-dia pessoal. A ideia de que estar na Internet é navegar num mundo livre e ilimitado tem as suas reservas, na medida em que este mesmo acto tem o poder de limitar quem o realiza. Logicamente, quem dedica mais do seu tempo à Internet perde a verdadeira realidade lá fora, o que tem consequências reais em qualquer fase da vida. Sem dúvida que há um lado benéfico no uso tecnológico, no entanto este tem que obrigatoriamente assentar num equilíbrio a fim de que não se ultrapasse o limiar do que é considerado saudável.
Haig usa factos e exemplos concretos para dar veracidade ao seu discurso, o que o torna consistente e interessante. Com referências a estatísticas, estudos e citações compreende-se que a associação entre as tecnologias e as perturbações mentais não só está confirmada, como se encontra num patamar de crescimento exponencial. Nunca na história da humanidade houve tanto conhecimento e simultaneamente tanta infelicidade como na actualidade. Há que adoptar então atitudes que travem esta tendência e que permitam encontrar soluções a longo prazo para este problema longe de ser erradicado, nomeadamente a desconexão parcial ou total e a aposta em actividades que nos conectem quer ao mundo exterior, quer ao nosso mundo interior. Parar, observar, reflectir e finalmente agir, passos simples mas fundamentais que podem salvar alguém de se perder a si mesmo.
A estrutura da narrativa é muito espontânea e incongruente, o que é caricato pois tal acontece na mente de uma pessoa ansiosa. Os textos curtos e simples tornam a leitura muito acessível, focando-se em várias particularidades do tema aqui abordado sempre com um carácter muito pessoal que remete para as experiências de Haig na sua constante batalha íntima. É esta frontalidade e a simplicidade que existe em revelar-se aos leitores que constitui o aspecto brilhante deste livro, sem cair numa tentativa de julgamento ou condescendência. Este é um relato na primeira pessoa que convida a uma reflexão colectiva, uma abordagem inteligente e mais necessária do que idilicamente listar o que alguém deve fazer caso se encontre numa situação semelhante, como se tal fosse a resposta definitiva. Cada indivíduo é único e tem a sua própria fórmula de realização, o que pode ser inicialmente assustador. Porém, ultrapassado o impasse, esta informação tem uma força incrivelmente libertadora.
Não sendo especialmente vocacionado para pessoas a atravessar episódios com as mesmas características aqui retratadas, O mundo à beira de um ataque de nervos é para todos os que vivem nesta época desenfreada da urgência de novidades e da interacção à distância. Na voz corajosa de um autor honesto, é construído um poderoso aviso que pretende consciencializar para os perigos que resultam dos excessos que nos sobrecarregam e para os quais existe um solução se tivermos a percepção da sua presença como tal.
Certamente que qualquer um de nós já realizou uma tentativa de análise aos prós e contras da inovação tecnológica que actualmente está disponível para uso da humanidade. A maior parte de nós terá chegado à conclusão que os benefícios ultrapassam em grande amplitude as desvantagens e que a vida se encontra mais facilitada à custa de uma infinidade de dispositivos brilhantes. Porém, é evidente que as desvantagens existem. O problema é que ocasionalmente a sua existência ou é ignorada ou é subvalorizada, o que constitui o início do problema inerente à tecnologia. Importa, por isso, apostar numa reflexão profunda sobre este tema, fonte de muitas das perturbações mentais que se instalaram na sociedade moderna. Matt Haig mune-se da sua experiência pessoal com as doenças mentais para interligar a agridoce tecnologia e os seus efeitos no nosso estado existencial global. O mundo à beira de um ataque de nervos é um guia preenchido de conselhos e dicas úteis elaboradas por quem sentiu o lado negro da constante pressão de viver online, renegando a própria essência de ser humano.
De facto, num mundo sobrepopulado e sobrecarregado com coisas absolutamente desnecessárias é muito fácil sentir um peso avassalador a imiscuir-se pela nossa mente, o que é particularmente gravoso em alguém que sofra ou tenha tendência para sofrer de doenças mentais. Num dos extremos tem início a ansiedade e o stress, o outro extremo termina em ataques de pânico, depressão profunda ou mesmo suicídio. A linha que separa estas patologias é muito ténue, tendo em conta que todas se encaixam num fenótipo muito característico que varia em espectro. Além disso, é fundamental perceber que quando surge uma perturbação mental esta depressa evolui no mau sentido, fomentando uma espécie de bola de neve que sem controlo dificilmente é travada. Portanto, como o autor reitera várias vezes ao longo do livro, ter a consciência que o problema existe é a chave para o compreender e resolver, o que infelizmente é mais fácil dizer do que acontecer.
Este livro é muito focado no papel das tecnologias na exacerbação das crises psicológicas e em como isso afecta o dia-a-dia pessoal. A ideia de que estar na Internet é navegar num mundo livre e ilimitado tem as suas reservas, na medida em que este mesmo acto tem o poder de limitar quem o realiza. Logicamente, quem dedica mais do seu tempo à Internet perde a verdadeira realidade lá fora, o que tem consequências reais em qualquer fase da vida. Sem dúvida que há um lado benéfico no uso tecnológico, no entanto este tem que obrigatoriamente assentar num equilíbrio a fim de que não se ultrapasse o limiar do que é considerado saudável.
Haig usa factos e exemplos concretos para dar veracidade ao seu discurso, o que o torna consistente e interessante. Com referências a estatísticas, estudos e citações compreende-se que a associação entre as tecnologias e as perturbações mentais não só está confirmada, como se encontra num patamar de crescimento exponencial. Nunca na história da humanidade houve tanto conhecimento e simultaneamente tanta infelicidade como na actualidade. Há que adoptar então atitudes que travem esta tendência e que permitam encontrar soluções a longo prazo para este problema longe de ser erradicado, nomeadamente a desconexão parcial ou total e a aposta em actividades que nos conectem quer ao mundo exterior, quer ao nosso mundo interior. Parar, observar, reflectir e finalmente agir, passos simples mas fundamentais que podem salvar alguém de se perder a si mesmo.
A estrutura da narrativa é muito espontânea e incongruente, o que é caricato pois tal acontece na mente de uma pessoa ansiosa. Os textos curtos e simples tornam a leitura muito acessível, focando-se em várias particularidades do tema aqui abordado sempre com um carácter muito pessoal que remete para as experiências de Haig na sua constante batalha íntima. É esta frontalidade e a simplicidade que existe em revelar-se aos leitores que constitui o aspecto brilhante deste livro, sem cair numa tentativa de julgamento ou condescendência. Este é um relato na primeira pessoa que convida a uma reflexão colectiva, uma abordagem inteligente e mais necessária do que idilicamente listar o que alguém deve fazer caso se encontre numa situação semelhante, como se tal fosse a resposta definitiva. Cada indivíduo é único e tem a sua própria fórmula de realização, o que pode ser inicialmente assustador. Porém, ultrapassado o impasse, esta informação tem uma força incrivelmente libertadora.
Não sendo especialmente vocacionado para pessoas a atravessar episódios com as mesmas características aqui retratadas, O mundo à beira de um ataque de nervos é para todos os que vivem nesta época desenfreada da urgência de novidades e da interacção à distância. Na voz corajosa de um autor honesto, é construído um poderoso aviso que pretende consciencializar para os perigos que resultam dos excessos que nos sobrecarregam e para os quais existe um solução se tivermos a percepção da sua presença como tal.
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