Título original: Heir to the Shadows
Autora: Anne Bishop
Nº de páginas: 432
Editora: Saída de Emergência
Colecção: Bang!
Sinopse
Sinopse
«O segundo livro da trilogia das Jóias Negras.
Há setecentos anos, num mundo governado por mulheres e onde os homens são meros súbditos, uma Viúva Negra profetizou a chegada de uma Rainha na sua teia de sonhos e visões. Jaenelle chegou para ocupar o seu lugar, mas mesmo a protecção dos Senhores da Guerra não impediu que os seus inimigos lhe provocassem um terrível mal. Agora é necessário protegê-la até às últimas consequências. Mas será que ainda é possível recuperar Jaenelle? Há, no Reino, três homens dispostos a dar a sua vida pela Rainha prometida. Mas as atrocidades cometidas mostram que há quem esteja disposto a tudo para controlar ou destruir Jaenelle. Para todo o sempre.»
Há setecentos anos, num mundo governado por mulheres e onde os homens são meros súbditos, uma Viúva Negra profetizou a chegada de uma Rainha na sua teia de sonhos e visões. Jaenelle chegou para ocupar o seu lugar, mas mesmo a protecção dos Senhores da Guerra não impediu que os seus inimigos lhe provocassem um terrível mal. Agora é necessário protegê-la até às últimas consequências. Mas será que ainda é possível recuperar Jaenelle? Há, no Reino, três homens dispostos a dar a sua vida pela Rainha prometida. Mas as atrocidades cometidas mostram que há quem esteja disposto a tudo para controlar ou destruir Jaenelle. Para todo o sempre.»
Opinião
No segundo volume da trilogia das Jóias Negras, Jaenelle, a jovem feiticeira, encontra-se num momento de fragilidade que ameaça a sua integridade física e emocional. Após a contenda que levou ao limite as suas capacidades e as de quem a acompanha, o presente é incerto e o futuro um enigma. Nos três reinos, algumas relações estreitam-se, outras encerram fortes disputas. A ligação entre Kaeleer, Terreile e as Trevas é cada vez mais ténue, recaindo a esperança na feiticeira que tem o potencial para transformar a discórdia em união.
Neste livro, o foco recai novamente em Jaenelle que amadurece de forma espontânea e brilhante. A sua mente sagaz produz um discurso inteligente que é das maiores qualidades desta obra. A sua evolução é a evolução do enredo, o que acontece a um ritmo que não é constante, porventura intenso. Também com grande destaque está Saetan, que figura lado a lado com Jaenelle no seu crescimento. Daemon perde muito do espaço anteriormente conseguido na narrativa, continuando porém com a sua importância e aqui explorado num novo contexto. É contudo Lucivar que expande a sua presença ao tornar-se uma das personagens principais e daquelas que maior influência detêm. O seu percurso é inesperado, exponencial e surpreendente, contribuindo de forma essencial para o desfecho apresentado. A sua intervenção completa os momentos com ligeireza, humor e compaixão, sobressaindo assim o seu carácter muito próprio. Por sua vez, as vilãs adquirem um papel mais consistente e que contrasta adequadamente das intenções dos restantes intervenientes, sendo interessante assistir ao traçado dos seus esquemas impiedosos e como estes atingem o seu propósito. A autora introduz ainda um vasto número de personagens, o que dificulta por vezes a fluência dos acontecimentos. A forma como são expostas transmite a ideia de que não terão grande relevância nos próximos eventos embora sejam uma boa adição. Finalmente, é dada a conhecer a existência dos parentes, seres cujo valor é desconhecido e menosprezado. Ao contrário das anteriores, os parentes guardam em si um mistério ancestral que é cativante e certamente terá ainda algo por revelar.
Algo que aguardava com entusiasmo relativamente a esta obra era uma maior definição do seu imaginário, vagamente desenvolvido em Filha do Sangue. Embora isso seja alcançado, não o é na dimensão suficiente. A autora continua a narração com alguma falta de clareza e nem sempre é perceptível como e por que motivo certas situações existem. Na verdade, o facto da ideia central ser complexa e abstracta dificulta grandemente esta tarefa. Pontualmente, surgem demonstrações daquilo que constitui os alicerces da obra no que à temática do fantástico diz respeito mas sempre a um nível superficial. É esta ausência de lógica que, a meu ver, é a maior falha desta sequela onde a sua presença seria fundamental para a total compreensão e coerência. Dito isto, é com grande expectativa que aguardo a exploração deste ponto no terceiro volume.
A trama continua a desenvolver-se de um modo apelativo, reforçando a perspectiva ubíqua da narrativa e a aposta em capítulos breves. O estilo de Bishop é funcional e requintado, permitindo assim uma leitura prazerosa que avança sem embaraço. Em Herdeira das Sombras, o centro da história são as personagens, pelo que há uma menor densidade de acontecimentos quando comparado com o primeiro livro. É, ainda assim, conseguido um bom ritmo que se intensifica nas páginas finais. Consequentemente, o final é o auge da acção e o que mais conteúdo oferece ao leitor.
Em síntese, Herdeira das Sombras estabelece uma excelente continuação de Filha do Sangue principalmente ao solidificar as suas personagens. Embora haja um lento e insuficiente desabrochar da fantasia em si mesma, Bishop assegura o seu lugar como uma autora extraordinária com a capacidade de nos envolver no seu mundo único. É com muito entusiasmo que aguardo a próxima e última parte desta trilogia que, com a sua diferença, me causou surpresa e me fez admirar ainda mais a versatilidade deste género literário.
No segundo volume da trilogia das Jóias Negras, Jaenelle, a jovem feiticeira, encontra-se num momento de fragilidade que ameaça a sua integridade física e emocional. Após a contenda que levou ao limite as suas capacidades e as de quem a acompanha, o presente é incerto e o futuro um enigma. Nos três reinos, algumas relações estreitam-se, outras encerram fortes disputas. A ligação entre Kaeleer, Terreile e as Trevas é cada vez mais ténue, recaindo a esperança na feiticeira que tem o potencial para transformar a discórdia em união.
Neste livro, o foco recai novamente em Jaenelle que amadurece de forma espontânea e brilhante. A sua mente sagaz produz um discurso inteligente que é das maiores qualidades desta obra. A sua evolução é a evolução do enredo, o que acontece a um ritmo que não é constante, porventura intenso. Também com grande destaque está Saetan, que figura lado a lado com Jaenelle no seu crescimento. Daemon perde muito do espaço anteriormente conseguido na narrativa, continuando porém com a sua importância e aqui explorado num novo contexto. É contudo Lucivar que expande a sua presença ao tornar-se uma das personagens principais e daquelas que maior influência detêm. O seu percurso é inesperado, exponencial e surpreendente, contribuindo de forma essencial para o desfecho apresentado. A sua intervenção completa os momentos com ligeireza, humor e compaixão, sobressaindo assim o seu carácter muito próprio. Por sua vez, as vilãs adquirem um papel mais consistente e que contrasta adequadamente das intenções dos restantes intervenientes, sendo interessante assistir ao traçado dos seus esquemas impiedosos e como estes atingem o seu propósito. A autora introduz ainda um vasto número de personagens, o que dificulta por vezes a fluência dos acontecimentos. A forma como são expostas transmite a ideia de que não terão grande relevância nos próximos eventos embora sejam uma boa adição. Finalmente, é dada a conhecer a existência dos parentes, seres cujo valor é desconhecido e menosprezado. Ao contrário das anteriores, os parentes guardam em si um mistério ancestral que é cativante e certamente terá ainda algo por revelar.
Algo que aguardava com entusiasmo relativamente a esta obra era uma maior definição do seu imaginário, vagamente desenvolvido em Filha do Sangue. Embora isso seja alcançado, não o é na dimensão suficiente. A autora continua a narração com alguma falta de clareza e nem sempre é perceptível como e por que motivo certas situações existem. Na verdade, o facto da ideia central ser complexa e abstracta dificulta grandemente esta tarefa. Pontualmente, surgem demonstrações daquilo que constitui os alicerces da obra no que à temática do fantástico diz respeito mas sempre a um nível superficial. É esta ausência de lógica que, a meu ver, é a maior falha desta sequela onde a sua presença seria fundamental para a total compreensão e coerência. Dito isto, é com grande expectativa que aguardo a exploração deste ponto no terceiro volume.
A trama continua a desenvolver-se de um modo apelativo, reforçando a perspectiva ubíqua da narrativa e a aposta em capítulos breves. O estilo de Bishop é funcional e requintado, permitindo assim uma leitura prazerosa que avança sem embaraço. Em Herdeira das Sombras, o centro da história são as personagens, pelo que há uma menor densidade de acontecimentos quando comparado com o primeiro livro. É, ainda assim, conseguido um bom ritmo que se intensifica nas páginas finais. Consequentemente, o final é o auge da acção e o que mais conteúdo oferece ao leitor.
Em síntese, Herdeira das Sombras estabelece uma excelente continuação de Filha do Sangue principalmente ao solidificar as suas personagens. Embora haja um lento e insuficiente desabrochar da fantasia em si mesma, Bishop assegura o seu lugar como uma autora extraordinária com a capacidade de nos envolver no seu mundo único. É com muito entusiasmo que aguardo a próxima e última parte desta trilogia que, com a sua diferença, me causou surpresa e me fez admirar ainda mais a versatilidade deste género literário.
Comentários
Enviar um comentário