Título original: Foundation and Empire
Autor: Isaac Asimov
Nº de páginas: 288
Editora: Saída de Emergência
Colecção: Bang!
Sinopse
«Guiada pelo seu fundador, o psico-historiador Hari Seldon, e tirando partido da sua superioridade científica e tecnológica, a Fundação sobreviveu à ganância e barbaridade dos planetas vizinhos. No entanto, agora tem de enfrentar o Império – que continua a ser a força mais poderosa na Galáxia, apesar de estar à beira do colapso. Quando um general ambicioso, determinado a restaurar a glória do Império, envia a vasta frota imperial em direção à Fundação, a única esperança para o pequeno planeta de eruditos e cientistas reside nas profecias de Hari Seldon.
Mas nem Hari Seldon conseguiu prever o surgimento de uma criatura extraordinária, um mutante com um poder paranormal muito superior a qualquer outro jamais visto… um poder que poderá transformar um humano determinado num escravo.
Em 1966, a série Fundação foi eleita a melhor série de ficção científica de todos os tempos.»
Opinião
A missão maquinada por Hari Seldon para reerguer o Império Galáctico continua mais viva que nunca. Afiliada ao optimismo baseado no expectável e favorável decurso do tempo, a Fundação objectiva uma nova realidade com um novo estado de poder. Se o primordial propósito se mantém, o mesmo não é verdade quanto aos seus empreendedores. Com a individualidade e o despotismo a alcançarem terreno, várias forças se conjugam na mesma direcção na disputa pelo controlo. Neste impasse mantêm-se o alheamento e a ingenuidade pois outros eventos são postos em andamento, transformando todas as prévias garantias em instáveis probabilidades.
Fundação e Império divide-se em duas grandes partes, na já habitual intervalada estrutura temporal. Na primeira narrativa, é introduzido o general Bel Riose, que com determinação e ambição faz o mundo girar para uma nova etapa do plano. Sem dúvida representando um momento decisivo, é contudo na segunda narrativa que recai o foco. Um novo conquistador, o Mula, estende a sua influência de forma paulatina munido de um intuito que não é claro. Com a fragilização da Fundação, qualquer ameaça, incluindo o Mula, é um sério problema que não pode ser desprezado. A partir da sua permanência nas sombras, emana uma constante omnipresença dominadora de todo o espaço e tempo que atrai o leitor forçosamente mantido na ignorância. A grande surpresa desta obra é, precisamente, esta personagem que carrega consigo irreverência, sagacidade e, inesperadamente, uma qualidade que neste universo futurístico pouco se elucida: humanidade. Na verdade, é aprazível observar que as personagens, até aqui como meros peões, finalmente ganham corpo e posição activa na acção. Tal deve-se não só ao maior aprofundamento das mesmas, mas também à menor quantidade relativamente ao volume anterior.
Asimov conjuga num equilíbrio exímio a prosa impecável com o conteúdo inovador, recorrendo maioritariamente aos diálogos entre as personagens para expor a sua visão de uma realidade simulada porém altamente estruturada e concebível nos termos a que se propõe. Por vezes a sua ousadia atinge uma certa imperceptibilidade, fruto da índole científica influenciada pela larga imaginação. O efeito é, apesar disso, mais construtivo que deletério ao estimular o próprio imaginário de quem lê para possibilidades nunca antes idealizadas.
Uma mensagem que se sobrepõe é a de que o presente - neste caso, o futuro - reitera os erros do passado. Não basta combater o que está pervertido, é essencial percebê-lo para que a paz seja correctamente assegurada. Caso contrário, a construção do novo sobre o antigo é contaminada e fortalecida pela mesma ideologia, o que garantidamente dará o mesmo resultado tantas vezes quanto a experiência seja repetida.
Numa linha cada vez mais ambiciosa, a saga de Asimov prolonga assim a sua notabilidade com Fundação e Império. Através da trama mais expansiva e menos fraccionada as personagens conseguem crescer, proporcionando um olhar diferente mas igualmente brilhante sobre um cenário que, quem sabe, poderá um dia ser o nosso. Se desejam aventurar-se neste singular género que é a ficção científica, esta é a saga em que devem apostar.
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